A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO HOSPITALAR NO ATENDIMENTO DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025790p103Palavras-chave:
Psicologia da saúde, Insuficiência renal crônica, hemodiáliseResumo
A doença renal crônica (DRC) é uma condição progressiva e impositiva aos pacientes por ela acometidos, sendo uma das principais causas de mortalidade e morbidade. Atinge cerca de 500 milhões de pessoas mundialmente, sendo a diálise o procedimento mais comum de ser adotado como parte do tratamento, que por ser invasiva, provoca desgaste tanto físico como emocional. Assim, o cuidado do assistido precisa ser biopsicossocial, pois seu adoecimento modifica não só a sua rotina, mas provoca reflexões e impõe desafios inesperados a todos que estão ao seu redor. Com o intuito de elucidar as boas práticas psicológicas realizadas durante o atendimento de doentes renais, visou-se por meio do presente trabalho: identificar de quais maneiras o psicólogo contribui para a qualidade de vida dos sujeitos que fazem hemodiálise; analisar a importância deste profissional em equipes multidisciplinares hospitalares; e destacar a relevância do suporte emocional junto às pessoas com DRC. Sendo uma pesquisa do tipo exploratória, cinco bases de dados eletrônicas foram consultadas: a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); o Google Scholar (Acadêmico); o Portal de Periódicos da CAPES; os Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePsiC); e a Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Os descritores eram intermediados pelo operador boleano “AND” e se sumarizavam aos termos: “psicologia da saúde”, “insuficiência renal crônica” e “hemodiálise”. Caso fosse obtido um número superior a 50 artigos, o conjunto de expressões poderia totalizar até nove palavras, sendo as outras seis: “qualidade de vida”, “assistência”, “atendimento”, “boas práticas”, “psicoeducação” e “atuação psicólogo”. Os critérios de inclusão adotados foram: ter sido a publicação feita entre 2015-2024; ser artigo científico completo; estar nos idiomas português, inglês ou espanhol; encontrar-se em formato de estudos teóricos, relatos de casos, revisões sistemáticas ou referências técnicas; explorar as práticas psicológicas focadas no bem-estar emocional do paciente com DRC, em contexto hospitalar e em equipe multiprofissional. Além disso, foi realizada uma busca complementar de textos que auxiliassem na posterior análise do conteúdo obtido, para que fosse dada maior consistência às informações descritas. Como resultado foram obtidos 2847 materiais, que, após triagem e seleção bibliográfica, chegaram a um total de 24 artigos, lidos na íntegra, sendo 12 deles altamente específicos. A partir da análise dessas obras, alguns dados interessantes foram visualizados, que são os que se seguem: 1) dentre as principais comorbidades notadas em pessoas com DRC, encontravam-se as complicações cardiovasculares, o diabetes, as disfunções sexuais, a ideação suicida e transtornos do tipo bipolar, de ansiedade e depressivo; 2) os instrumentos de avaliação utilizados pelos pesquisadores possuíam o formato de questionários, inventários, entrevistas semi-estruturadas, atendimentos por cerca de 50 minutos ou em sala de espera; 3) as intervenções psicológicas mais realizadas foram a de escuta ativa e coping, de psicoeducação, proposição da visualização de imagens, solicitação de produção gráfica ou de redação – autobiografias - por parte dos assistidos, além de sessões de Arteterapia, realização de atividades lúdicas e de psicoterapia breve. É notado que o psicólogo além de ser parte integrante dessa equipe multiprofissional, dá condições para que os assistidos se empoderem, se autoconheçam, melhorem sua autogestão e autoeficácia, dando, inclusive, suporte emocional a todos os envolvidos no processo. Dentre as principais emoções e sentimentos expressos pelos pacientes com DRC encontravam-se: a culpa, o desamparo, desesperança, a impotência, tristeza, raiva, diversas inseguranças e incertezas, medos e/ou vulnerabilidades. Os pacientes entrevistados declararam que o fato de o psicólogo compor equipes multidisciplinares promoveria um/uma: 1) facilitação do diálogo; 2) alívio das angústias; 3) auxílio no aceite do diagnóstico; 4) viabilização de estratégias de enfrentamento; 5) melhoria do humor dos pacientes; 6) promoção da reabilitação e da autonomia. Os autores consultados ainda complementavam ao dizer que as ações dos psicólogos: a) promoveriam um bom convívio entre profissionais e destes com pacientes; b) traduziriam para termos mais simples e significativos informações gerais; c) validariam a participação do atendido; d) envolveriam as equipes multidisciplinares, dando abertura a diferentes olhares e análises; e) melhorariam o estreitamento dos vínculos sociais. Diante das informações dispostas, foi demonstrada a relevância do psicólogo em ambiente hospitalar que, por meio de suas boas práticas, demonstra ser essencial aos serviços de média e alta complexidade. Dentre as ações desempenhadas por ele, portanto, destacam-se: a de realizar avaliações de maneira abrangente, levando em conta o contexto familiar, aspectos socioculturais e antecedentes; propor intervenções personalizadas, de acordo com as singularidades e conforme as necessidades dos pacientes; trabalhar em parceria com os demais especialistas; respeitar o sigilo, fragilidade e privacidade dos atendidos; incentivar o paciente a se tornar um sujeito ativo e protagonista; cuidar de sua saúde mental, não deixando de fazer supervisões; e manter-se atualizado. Destarte, é por meio do psicólogo que a comunicação ocorre com maior fluidez, que o fluxo das informações se torna contínuo, havendo compreensão global do caso clínico por parte de toda equipe e dos envolvidos. Assim, é inegável a importância de que o psicólogo integre as equipes multiprofissionais, pois além de cumprir suas atribuições, possibilita um melhor enfrentamento das adversidades.

