AVANÇOS NO TRATAMENTO PELA MEDICINA DE PRECISÃO EM CARDIOLOGIA: PERSPECTIVAS PARA A PRÁTICA CLÍNICA
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025820p107Palavras-chave:
Medicina de precisão, Cardiologia, Farmacogenética, Biomarcadores, Prevenção de doençasResumo
A medicina de precisão tem promovido avanços significativos na cardiologia, redefinindo o cuidado cardiovascular por meio de abordagens terapêuticas individualizadas, baseadas no perfil genético, molecular e ambiental de cada paciente. Tradicionalmente, a prática cardiológica era guiada por diretrizes generalistas, desenvolvidas a partir de ensaios clínicos em populações heterogêneas. Contudo, a variabilidade genética e as diferenças individuais na resposta terapêutica evidenciaram as limitações desse modelo, abrindo espaço para uma prática mais personalizada e eficiente. Um exemplo concreto da aplicação da medicina de precisão é a farmacogenética na anticoagulação oral. Estudos demonstram que variantes nos genes CYP2C9 e VKORC1 influenciam significativamente a resposta à varfarina, possibilitando ajustes individualizados de dose. Esse conhecimento tem sido incorporado a algoritmos clínicos, reduzindo complicações hemorrágicas e trombóticas. Situação semelhante ocorre com o clopidogrel, onde variantes no CYP2C19 impactam sua eficácia, direcionando a escolha para terapias alternativas em pacientes com metabolismo lento. Além da farmacogenética, a utilização de biomarcadores moleculares específicos, como troponinas ultrassensíveis, BNP, ST2 e galectina-3, proporciona não apenas diagnósticos mais precoces, mas também estratificação de risco e monitoramento terapêutico personalizado, sobretudo em pacientes com insuficiência cardíaca e síndromes coronarianas agudas. A integração de dados genômicos, clínicos e de imagem, impulsionada por inteligência artificial e aprendizado de máquina, representa outra fronteira relevante. Modelos preditivos baseados em big data permitem a identificação precoce de indivíduos de alto risco, além de orientar condutas terapêuticas individualizadas, considerando o contexto genético e fenotípico de cada paciente. Dispositivos vestíveis e registros eletrônicos robustos enriquecem essa abordagem, permitindo monitoramento contínuo e intervenções precoces. Apesar do grande potencial, a implementação plena da medicina de precisão na prática cardiológica ainda enfrenta desafios, como a necessidade de capacitação profissional, padronização de protocolos e custos associados às análises genômicas. No entanto, a tendência é que essas barreiras sejam progressivamente superadas, consolidando uma cardiologia cada vez mais personalizada, preditiva e preventiva, com foco em melhorar desfechos clínicos e otimizar a alocação de recursos no cuidado cardiovascular.

