CARDIOMIOPATIA PERIPARTO: IDENTIFICAÇÃO PRECOCE E ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025936p463Palavras-chave:
Cardiomiopatias, Gravidez de alto risco, Insuficiência cardíaca, Diagnóstico precoce, TerapêuticaResumo
A cardiomiopatia periparto (CMPP) é uma forma rara e potencialmente fatal de insuficiência cardíaca que ocorre no final da gestação ou nos primeiros meses do puerpério, em mulheres previamente saudáveis. Caracteriza-se pela disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, sem causa identificável, com fração de ejeção reduzida (< 45%). A identificação precoce da CMPP é essencial para o prognóstico materno e neonatal, pois possibilita a intervenção terapêutica oportuna, reduzindo complicações e mortalidade. A etiologia da CMPP ainda não está completamente elucidada, mas fatores como predisposição genética, resposta inflamatória exacerbada, alterações hormonais e estresse oxidativo parecem desempenhar um papel central. Os sintomas, muitas vezes inespecíficos, como dispneia, fadiga, edema periférico e ortopneia, podem ser confundidos com as alterações fisiológicas da gestação, dificultando o diagnóstico precoce. Nesse contexto, a vigilância clínica e o uso de ferramentas como o ecocardiograma tornam-se fundamentais. O tratamento da CMPP segue, em grande parte, os princípios da insuficiência cardíaca, com restrições específicas em função da gravidez ou lactação. Inclui o uso de diuréticos, betabloqueadores, inibidores da ECA ou bloqueadores dos receptores de angiotensina II (quando não contraindicado), e anticoagulação em casos selecionados. Recentemente, a bromocriptina tem sido estudada como uma opção terapêutica promissora, devido ao seu papel na inibição da prolactina, cuja forma clivada pode estar envolvida na patogênese da doença. A reabilitação cardiovascular e o acompanhamento multiprofissional também são estratégias essenciais para a recuperação funcional e a melhora da qualidade de vida. A decisão sobre futuras gestações deve ser cuidadosamente discutida, considerando o risco de recorrência. Portanto, o reconhecimento precoce da cardiomiopatia periparto, associado a estratégias terapêuticas adequadas e individualizadas, é essencial para a redução da morbimortalidade e a promoção de melhores desfechos clínicos para as mulheres afetadas.

