Relação Médico-Paciente: Uma Visão Psicanalítica

Resumo

A relação médico-paciente constitui uma realidade que transpassa os conhecimentos teóricos fortalecendo-se na prática médica. Mais do que avaliar se deve ser uma relação boa ou má, faz-se necessário perceber que nunca será indiferente. Sua especificidade está justamente na fragilidade causada pela enfermidade, seja ela iminentemente orgânica ou de origem psicossomática. Esse trabalho tem como objetivo lançar luzes ao tema e provocar reflexões iniciais sobre esse grande desafio médico. Num primeiro momento tentou-se traçar um breve panorama do que se pode chamar relação médico-paciente, enfatizando as percepções de Sigmund Freud, médico e psicanalista vienense que viveu como ninguém os desdobramentos dessa relação. Outras referências como Balint e Moreira, ilustram esta reflexão inicial. Num segundo momento, os conceitos de transferência e contratransferência, essenciais para o entendimento e para a vivência da relação médico-paciente, são trazidos nas percepções de Freud, Lacan, Melanie Klein e Ferenczi, mostrando que não se trata apenas de uma maneira de pensar, e sim de várias, mas com algo em comum, a postura do médico na escuta do paciente. Por último, o trabalho traz a repercussão da relação médico-paciente na clínica médica, ilustrada por um caso clínico de Freud. Considerando-se os grandes desafios da profissão médica, há que se pensar na relação médico-paciente como um desafio sui generis, capaz de revelar elementos inusitados que efetivamente contribuirão para o desfecho do tratamento.