A COVID-19 E A PRESSÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO ENFRENTADA POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO CONTEXTO HOSPITALAR
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025790p59Palavras-chave:
COVID-19, Hospitals, Mental Health, Health Personnel, Occupational StressResumo
Em dezembro de 2019, a COVID-19 surgiu em Wuhan, na China. Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma pandemia. Durante a pandemia de COVID-19, os profissionais de saúde tiveram um papel essencial em diversas áreas, enfrentando grandes desafios e ajustando-se rapidamente às novas demandas do sistema de saúde. No início, a pandemia afetou significativamente a saúde dos profissionais de saúde. A exposição ao estresse vivenciado no ambiente hospitalar pode acarretar impactos relevantes, tanto para a saúde mental quanto para o bem-estar físico. Ao longo da pandemia de COVID-19, os profissionais de saúde tiveram que lidar com desafios expressivos, conforme documentado na literatura científica. A pandemia teve um impacto específico na saúde mental dos profissionais de saúde, que lidaram com desafios emocionais e sentimento de impotência. Assim, este estudo teve como questão norteadora: Qual a pressão no ambiente de trabalho enfrentada pelos profissionais de saúde dos hospitais no período da pandemia de COVID-19? Foi realizada uma revisão narrativa da literatura, descritiva e exploratória, com o objetivo de compreender a pressão no ambiente de trabalho enfrentada pelos profissionais de saúde no contexto hospitalar durante a pandemia de COVID-19. O levantamento bibliográfico ocorreu em fevereiro de 2025, consultando a base de dados da National Library of Medicine (PubMed). Cabe destacar que não foi delimitado um período específico para a busca. Para o levantamento das produções científicas, foi utilizado os descritores intercalados com operador booleano “AND” e indexadas nos DeCS (Descritores em Ciências da Saúde): “COVID-19”, “Hospitals”, “Mental Health”, “Health Personnel”, “Occupational Stress”. Nos achados a pandemia teve um impacto substancial na saúde mental dos profissionais de saúde, com altas prevalências de estresse, ansiedade, depressão e distúrbios do sono. Um grande estudo de revisões sistemáticas e revisões de meta-análises revelou que a prevalência total desses problemas entre os profissionais de saúde foi de 37% para estresse, 31,8% para ansiedade, 29,4% para depressão e 36,9% para distúrbios do sono, com destaque para os enfermeiros do que entre os médicos. Os principais fatores que intensificam a pressão no ambiente hospitalar, especialmente durante a pandemia de COVID-19, incluem o aumento da carga de trabalho, responsabilidades extras e problemas de saúde mental. Uma pesquisa com o objetivo de avaliar o impacto pessoal, profissional e psicológico da pandemia de COVID-19 nos trabalhadores hospitalares e suas percepções sobre estratégias de mitigação verificou que 80% dos trabalhadores hospitalares relataram aumento do estresse no local de trabalho, 66% relataram aumento da carga de trabalho e 59% relataram aumento das responsabilidades, com 44% considerando deixar seus empregos devido a essas pressões. Além disso, 25% dos participantes apresentaram algum nível de sofrimento psicológico, e 50% apresentaram pontuações que sugerem preocupação clínica com estresse pós-traumático. Outra produção destacou que a pandemia provocou uma reorganização considerável na prestação de cuidados de saúde, resultando em altos níveis de estresse entre os profissionais, especialmente entre o pessoal da equipe de enfermagem e médica. As mulheres e os profissionais mais jovens (<50 anos) mostraram níveis de estresse mais elevados. A pandemia acarretou um impacto considerável na saúde mental dos profissionais de saúde, com elevados níveis de depressão, ansiedade e exaustão. Fatores como a falta de autonomia no trabalho e a escassez de apoio por parte dos supervisores estiveram associados a maiores probabilidades de depressão e ansiedade. A percepção de estresse hospitalar foi alta no período da pandemia, particularmente nas unidades de terapia intensiva (UTI) e nos departamentos de emergência. Um estudo prospectivo conduzido em hospitais dos Estados Unidos (EUA) mostrou uma forte associação entre o estresse hospitalar geral e o estresse na UTI, além de indicar que o aumento dos casos de COVID-19 estava diretamente relacionado a uma maior probabilidade de estresse hospitalar. A pandemia proporcionou uma reorganização significativa nos serviços de saúde, o que, aliado à incerteza e ao aumento da carga de trabalho, contribuiu para o estresse dos profissionais. Esses resultados destacam a necessidade de orientações específicas para apoiar a saúde mental dos profissionais. Por fim, as intervenções organizacionais, como os programas de apoio psicológico criados por meio de colaboração multidisciplinar, são fundamentais para lidar com os desafios psicossociais. Quando implementadas de forma eficaz, essas estratégias podem contribuir para a redução da pressão, estresse e aprimorar o bem-estar mental dos profissionais de saúde durante crises de saúde pública, como a pandemia de COVID-19.

