ABORDAGEM INTERVENCIONISTA OU CIRÚRGICA? DESAFIOS DA REVASCULARIZAÇÃO CORONÁRIA NO PACIENTE DIABÉTICO
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025820p291Palavras-chave:
Diabetes mellitus, Revascularização miocárdica, Stents farmacológicos, Aterosclerose, Intervenção coronária percutâneaResumo
A escolha da estratégia de revascularização em pacientes diabéticos com doença arterial coronariana (DAC) multivasculada continua sendo um dos principais desafios na cardiologia intervencionista e cirúrgica. Evidências robustas, incluindo o estudo FREEDOM, demonstram que o enxerto de revascularização do miocárdio (CABG) proporciona melhores desfechos clínicos de longo prazo em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ICP) nesses pacientes, particularmente na redução da mortalidade e de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE). A aterosclerose coronariana em pacientes diabéticos é caracteristicamente difusa, com maior carga de placas e envolvimento multivasculado, tornando a ICP menos eficaz em termos de durabilidade do tratamento, especialmente em DAC complexa (SYNTAX Score ? 33). Apesar dos avanços na tecnologia de stents farmacológicos, a taxa de revascularização repetida e a progressão da doença continuam sendo limitações da ICP. No entanto, para pacientes com anatomia favorável, como doença menos extensa e ausência de comprometimento do tronco da coronária esquerda, a ICP pode representar uma alternativa viável, especialmente em indivíduos com contraindicações cirúrgicas. Por outro lado, o CABG, especialmente quando realizado com enxertos arteriais (artéria torácica interna e radial), demonstra benefícios superiores em termos de patência dos enxertos e redução de mortalidade cardiovascular. A revascularização completa proporcionada pelo bypass arterial melhora a perfusão miocárdica a longo prazo, reduzindo a necessidade de novas intervenções. No entanto, o procedimento cirúrgico está associado a riscos perioperatórios significativos, como infecção de ferida operatória, acidente vascular cerebral e disfunção renal, que devem ser cuidadosamente avaliados na estratificação do risco cirúrgico. A decisão terapêutica deve ser baseada em uma avaliação multidisciplinar, envolvendo cardiologistas clínicos, intervencionistas e cirurgiões cardíacos, levando em consideração o perfil clínico do paciente, a complexidade anatômica da DAC e a viabilidade da revascularização cirúrgica. A abordagem individualizada e guiada por escores prognósticos, como SYNTAX e EuroSCORE II, continua sendo fundamental para otimizar os desfechos em pacientes diabéticos com DAC avançada.

