USO ATUAL DE BETABLOQUEADORES: QUAIS PACIENTES REALMENTE SE BENEFICIAM?
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025820p344Palavras-chave:
Betabloqueadores, Insuficiência cardíaca, Infarto do miocárdio, Fibrilação atrial, Antagonistas dos receptores adrenérgicos beta 1Resumo
Os betabloqueadores são amplamente utilizados na prática clínica para diversas condições cardiovasculares, incluindo hipertensão, insuficiência cardíaca e prevenção secundária após infarto do miocárdio. No entanto, com os avanços no tratamento das doenças cardiovasculares, a indicação desses fármacos tem sido revisitada, e sua real eficácia depende do perfil do paciente e da condição clínica específica. Em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER), os betabloqueadores, como carvedilol, bisoprolol e metoprolol de liberação prolongada, demonstraram benefícios robustos na redução da mortalidade e hospitalizações. No entanto, sua utilidade em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) ainda é controversa, sem evidências claras de impacto na mortalidade. Após um infarto do miocárdio, os betabloqueadores são tradicionalmente indicados para reduzir a mortalidade e recorrências isquêmicas. No entanto, estudos recentes sugerem que seu benefício a longo prazo pode ser menor em pacientes sem disfunção ventricular significativa ou angina persistente, levando a uma reavaliação do tempo ideal de uso. Na hipertensão arterial, os betabloqueadores não são mais considerados terapia de primeira linha na ausência de outras indicações, como doença coronariana ou arritmias. Isso se deve à disponibilidade de fármacos mais eficazes na redução de eventos cardiovasculares, como inibidores da ECA e bloqueadores de canais de cálcio. Em pacientes com fibrilação atrial, os betabloqueadores desempenham um papel fundamental no controle da frequência cardíaca, especialmente em casos com função ventricular comprometida. No entanto, sua eficácia no controle do ritmo é limitada quando comparada a antiarrítmicos específicos. Assim, a utilização dos betabloqueadores na era moderna deve ser individualizada, considerando riscos e benefícios para cada paciente. A prescrição racional desses fármacos, baseada nas melhores evidências disponíveis, é essencial para otimizar os desfechos clínicos e evitar uso desnecessário.

