INTERVENÇÃO INFLAMATÓRIA NA ATEROSCLEROSE: ATUALIZAÇÕES EM TERAPÊUTICA CARDIOVASCULAR
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025936p118Palavras-chave:
Aterosclerose, Anti-inflamatórios, Inflamação, Doenças cardiovasculares, Terapêutica medicamentosaResumo
A aterosclerose, tradicionalmente compreendida como uma doença lipídica, tem sido cada vez mais reconhecida como um processo inflamatório crônico que envolve mecanismos imunológicos complexos. Essa mudança de paradigma tem impulsionado o desenvolvimento e a investigação de terapias anti-inflamatórias como estratégias complementares ao controle lipídico. Nos últimos anos, ensaios clínicos como o CANTOS, que avaliou o canaquinumabe – um anticorpo monoclonal contra a interleucina-1? – demonstraram redução significativa em eventos cardiovasculares maiores independentemente da redução de LDL-colesterol, consolidando o papel da inflamação como alvo terapêutico. Outros agentes, como a colchicina em baixas doses, mostraram-se eficazes na redução de desfechos isquêmicos em pacientes com doença coronariana estável ou após infarto agudo do miocárdio, como evidenciado pelo estudo LoDoCo2. A segurança relativa, o baixo custo e a disponibilidade da colchicina a tornam particularmente atrativa na prática clínica, embora efeitos colaterais gastrointestinais e o risco de interações medicamentosas exijam atenção. Além disso, inibidores da IL-6 e antagonistas do receptor da IL-1 estão sendo investigados em fases mais precoces da aterosclerose. A abordagem personalizada da terapia anti-inflamatória, baseada em marcadores como a proteína C-reativa de alta sensibilidade, tem potencial para otimizar os benefícios clínicos e reduzir riscos. Esses avanços reforçam a necessidade de incorporar a avaliação do estado inflamatório na estratificação de risco cardiovascular e nas decisões terapêuticas. No entanto, a definição dos perfis ideais de pacientes, o tempo de tratamento e a segurança a longo prazo ainda são desafios em aberto. O futuro da terapêutica anti-inflamatória na aterosclerose parece promissor, mas exige integração cuidadosa com as diretrizes já consolidadas de prevenção e tratamento cardiovascular.

