CARDIOTOXICIDADE DAS TERAPIAS ANTINEOPLÁSICAS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA PRÁTICA CARDIOLÓGICA
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025936p229Palavras-chave:
Neoplasias, Cardiopatias, Cardiotoxicidade, Quimioterapia antineoplásica, Cuidados cardiovasculares em oncologiaResumo
As terapias antineoplásicas, fundamentais no tratamento de diversos tipos de câncer, têm apresentado importantes implicações na saúde cardiovascular dos pacientes oncológicos. Com o avanço dos tratamentos oncológicos, incluindo quimioterapia, radioterapia, terapias-alvo e imunoterapia, aumentou-se significativamente a sobrevida dos pacientes, ao custo, muitas vezes, de efeitos adversos cardiovasculares relevantes. A cardiotoxicidade associada a essas terapias tornou-se um desafio clínico crescente, exigindo a atenção de cardiologistas, especialmente no contexto da cardio-oncologia. As manifestações cardiovasculares variam de acordo com o tipo de agente terapêutico utilizado. Antraciclinas, por exemplo, são notoriamente associadas à disfunção ventricular esquerda e insuficiência cardíaca. Inibidores da tirosina quinase podem provocar hipertensão arterial, enquanto a imunoterapia pode desencadear miocardite, pericardite e arritmias, muitas vezes com desfechos graves. A radioterapia, particularmente quando direcionada à região torácica, pode causar doença arterial coronariana, fibrose miocárdica e valvopatias. A detecção precoce e o monitoramento contínuo da função cardiovascular são cruciais para minimizar os danos e possibilitar a continuidade segura do tratamento oncológico. Métodos como ecocardiografia com strain longitudinal global, biomarcadores cardíacos (troponina, BNP/NT-proBNP) e ressonância magnética cardíaca são ferramentas valiosas para a estratificação de risco e seguimento desses pacientes. O manejo da cardiotoxicidade envolve estratégias preventivas, como ajuste de dose, uso de agentes cardioprotetores (ex.: dexrazoxano), e, em alguns casos, a interrupção temporária ou definitiva da terapia antineoplásica. A abordagem multidisciplinar, envolvendo oncologistas e cardiologistas, é essencial para o equilíbrio entre eficácia oncológica e preservação da função cardiovascular. Assim, compreender os mecanismos de cardiotoxicidade e adotar protocolos de vigilância personalizados é fundamental para a prática clínica moderna, visando melhorar a qualidade de vida e o prognóstico de longo prazo dos pacientes oncológicos.

