Desenho da Sífilis Gestacional em Adolescentes no Município de Juazeiro do Norte: 2008 a 2018

Resumo

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível que se dá pela presença da bactéria espiroqueta Treponema pallidum, disseminada via hematogênica após atravessar o tecido lesionado por meio da relação sexual. Apesar da origem milenar e de possuir tratamento comprovadamente eficaz, ainda se configura como uma importante causa de saúde pública no mundo inteiro. Mesmo existindo uma variedade enorme de estudos sobre essa temática, pouco se discute sobre dados específicos de populações regionais. A elevada incidência dessa doença em grupos mais jovens, trouxe reflexões importantes a respeito da saúde do público adolescente, especialmente nas gestantes, cujo risco de transmissão via placentária torna-se ainda mais elevado. É nessa perspectiva que o presente estudo busca traçar o perfil epidemiológico das gestantes adolescentes na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará entre os anos de 2008 e 2018, bem como investigar os fatos que possam justificar as alterações encontradas nessa pesquisa. No presente trabalho foram analisados os dados obtidos junto à Secretaria de Saúde do Município de Juazeiro do Norte, sendo as informações disponibilizadas pela Vigilância Epidemiológica Municipal. Foi encontrado um aumento alarmante do número de casos de sífilis na cidade de Juazeiro, CE, com destaque principalmente para o ano de 2018. Esse aumento no número de registros notificados foi muito mais intenso na população em idade fértil, realçando números expressivos na faixa etária adolescente. Observou-se ainda que a maioria das gestantes tiveram o diagnóstico firmado numa fase mais tardia da gestação, o que pode revelar a falta da assistência adequada, contrariando a importância do diagnóstico precoce. A ascendência revelada a partir do ano de 2017, foi confirmada comparativamente com anos anteriores e pode estar relacionada à necessidade de notificação compulsória pois não foram constatadas reduções de número de casos dessa doença após esse período. O aumento dos coeficientes epidemiológicos, nos últimos anos na cidade, reforça a necessidade de ações voltadas para o controle desse agravo.