Contribuições Identitárias e Linguísticas na Comunidade Remanescente Alegre Barreiros

Resumo

O objeto de estudo surgiu a partir de entrevistas realizadas na comunidade quilombola de Alegre Barreiros, município de Itaguaçu, próxima à região de Xique-Xique (onde orientei uma pesquisa como professora efetiva da Universidade do Estado da Bahia), e das leituras feitas sobre a presença afro-descendente na cultura brasileira a partir de Ribeiro (2002), Lopes (2005), Gilroy (2008), Hall (2006), Ilari (2006), Castro (2005), Mattos e Silva (2004), Lucckesi (2009), Mendonça (1973), Bortoni-Ricardo (2005), Signorini (2006), Fiorin & Petter (2008), entre outros. Esta pesquisa, que está em sua fase de conclusão, pretende observar a variedade no português brasileiro em relação ao português europeu, no que se diz respeito à contribuição das línguas africanas (do grupo banto), ressaltando os aspectos morfo-lexicais destas línguas no idioma vernáculo. A metodologia para a compreensão da heterogeneidade da linguagem quilombola segue as determinações da pesquisa sociolinguística, baseada nos postulados de W. Labov. Apresenta como referencial teórico a linguagem (numa visão diacrônica e variacionista) e utiliza como instrumento de coleta e análise de dados, entrevistas narrativas com o intuito de escutar as vozes, observar e interagir, de forma a apreender o máximo possível das falas dos sujeitos interlocutores e perceber os fenômenos linguísticos que constituem resquícios de seu passado histórico. Como resultado, nas entrevistas foram encontrados 55 étimos de origem banto, os quais foram catalogados em uma lista com significados a partir dos glossários de Lopes (2005) e Castro (2005).