PRIVAÇÃO DE SONO COMO FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR: EVIDÊNCIAS E MECANISMOS
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025936p310xPalavras-chave:
Privação de Sono, Doenças Cardiovasculares, Fatores de Risco, Qualidade do Sono, Higiene do SonoResumo
A privação de sono tem sido amplamente reconhecida como um fator de risco significativo para diversas condições de saúde, incluindo doenças cardiovasculares. Estudos recentes demonstram que a redução crônica do tempo de sono ou a má qualidade do sono estão associadas a alterações fisiológicas e metabólicas, que favorecem o desenvolvimento de hipertensão arterial, aterosclerose, disfunções endoteliais, além de aumento da atividade simpática e níveis elevados de cortisol. Esses mecanismos contribuem diretamente para o aumento do risco de eventos cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Além disso, a privação de sono afeta negativamente a regulação do metabolismo glicêmico e lipídico, elevando a resistência à insulina e os níveis de colesterol LDL, o que potencializa os fatores de risco tradicionais para doenças cardiovasculares. Estudos epidemiológicos evidenciam uma correlação entre curta duração do sono – geralmente definida como menos de 6 horas por noite – e maior incidência de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. Por outro lado, o sono fragmentado e de má qualidade, mesmo com duração aparentemente adequada, também exerce efeitos deletérios semelhantes. A privação de sono pode ainda desencadear respostas inflamatórias sistêmicas, com aumento de marcadores inflamatórios, contribuindo para o processo aterogênico. A conscientização sobre a importância do sono como pilar da saúde cardiovascular é essencial tanto na prática clínica quanto na saúde pública. Estratégias de promoção do sono adequado devem ser integradas às medidas de prevenção cardiovascular, com incentivo a hábitos saudáveis de sono, manejo do estresse e avaliação de distúrbios do sono, como apneia obstrutiva. Dessa forma, reconhecer o impacto da privação de sono como um fator modificável pode contribuir significativamente para a redução da carga global de doenças cardiovasculares.

