MICROBIOTA INTESTINAL COMO NOVO ALVO TERAPÊUTICO NA CARDIOLOGIA

Autores

  • Elizandra Tiso Vinhas Goulart
  • Arquimedes de Sousa Ferreira
  • Emanuel Ximenes Silvino Evangelista
  • Gilberto Ferreira da Silva Neto
  • Joyci Mara Malizan
  • Luiza Pessoa Soares Oliveira
  • Patrícia Costa de Almeida
  • Thamiris Makarem Nadaf Akel Thomaz de Lima
  • Debora Petrella Perino
  • João Paulo Santos da Rosa

DOI:

https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025936p281

Palavras-chave:

Microbioma intestinal, Doenças cardiovasculares, Trimetilamina-N-óxido, Disbiose, Ácidos graxos voláteis

Resumo

O microbioma intestinal tem emergido como um fator relevante na fisiopatologia das doenças cardiovasculares (DCVs), ampliando a compreensão dos mecanismos envolvidos além dos fatores de risco tradicionais. Composto por trilhões de microrganismos, o microbioma atua em funções metabólicas, imunológicas e inflamatórias que afetam diretamente a saúde cardiovascular. Evidências recentes mostram que alterações na composição e diversidade da microbiota intestinal — condição conhecida como disbiose — estão associadas ao desenvolvimento de hipertensão arterial, aterosclerose, insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana. Um dos principais mecanismos implicados é a produção de metabólitos bacterianos, como a trimetilamina-N-óxido (TMAO), resultante do metabolismo hepático da trimetilamina (TMA), sintetizada pelas bactérias a partir de colina, L-carnitina e fosfatidilcolina. Altos níveis circulantes de TMAO têm sido associados a maior risco cardiovascular, promovendo inflamação vascular, disfunção endotelial, estresse oxidativo e aumento da agregação plaquetária. Além disso, o microbioma influencia a pressão arterial por meio da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs), como o butirato, propionato e acetato, que atuam em receptores específicos modulando o tônus vascular e a resposta imune. A disbiose também pode comprometer a barreira intestinal, favorecendo a translocação bacteriana e o aumento da inflamação sistêmica, outro fator de risco importante para DCVs. Intervenções terapêuticas visando a modulação do microbioma intestinal — incluindo dieta, prebióticos, probióticos, simbióticos e transplante de microbiota fecal — vêm sendo investigadas como estratégias coadjuvantes na prevenção e manejo das DCVs. Dietas ricas em fibras, como a mediterrânea, têm demonstrado impacto positivo na composição microbiana e nos desfechos cardiovasculares. Dessa forma, o eixo intestino-coração representa uma fronteira promissora na cardiologia preventiva e personalizada. A incorporação do conhecimento sobre o microbioma intestinal na prática clínica pode contribuir para uma abordagem mais abrangente e eficaz no tratamento dos pacientes com risco cardiovascular elevado.

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Publicado

2025-06-05

Como Citar

Goulart, E. T. V. ., Ferreira, A. de S. ., Evangelista, E. X. S. ., Silva Neto, G. F. da ., Malizan, J. M. ., Oliveira, L. P. S. ., Almeida, P. C. de ., Lima, T. M. N. A. T. de ., Perino, D. P. ., & Rosa, J. P. S. da . (2025). MICROBIOTA INTESTINAL COMO NOVO ALVO TERAPÊUTICO NA CARDIOLOGIA. Epitaya E-Books, 1(104), 281-309. https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025936p281

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