TRATAMENTO DA REGURGITAÇÃO MITRAL FUNCIONAL: DO MANEJO CLÍNICO À INTERVENÇÃO PERCUTÂNEA
DOI:
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2025936p348Palavras-chave:
Regurgitação da valva mitral, Insuficiência cardíaca, Terapia por cateterismo cardíaco, Procedimentos cirúrgicos cardíacos, Diretrizes clínicasResumo
A regurgitação mitral funcional (RMF) é uma condição valvar caracterizada pelo refluxo de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo, em decorrência de alterações estruturais ou funcionais no ventrículo, com válvula mitral estruturalmente normal. Sua fisiopatologia está frequentemente associada à dilatação e disfunção do ventrículo esquerdo, sendo comum em pacientes com insuficiência cardíaca e cardiomiopatias dilatadas. O manejo da RMF representa um desafio clínico, exigindo uma abordagem individualizada que considere a gravidade da insuficiência valvar, a função ventricular e o perfil clínico do paciente. As opções terapêuticas incluem tratamento clínico otimizado para insuficiência cardíaca, intervenções cirúrgicas e procedimentos percutâneos. O tratamento clínico permanece a primeira linha de manejo, com foco no controle dos sintomas e na modulação da remodelação ventricular. A cirurgia, tradicionalmente realizada por meio de anuloplastia ou substituição valvar, é reservada para casos refratários, com evidência de benefício especialmente em pacientes com sintomas persistentes e anatomia favorável. Nos últimos anos, intervenções percutâneas, como o reparo transcateter com clipe mitral (ex: MitraClip), emergiram como alternativas promissoras para pacientes de alto risco cirúrgico. Estudos como o COAPT demonstraram redução significativa na hospitalização por insuficiência cardíaca e melhora da qualidade de vida em pacientes com RMF secundária moderada a grave, quando tratados com MitraClip associado à terapia medicamentosa otimizada. As indicações atuais para intervenção consideram a gravidade da regurgitação, a resposta ao tratamento clínico, a fração de ejeção ventricular e a presença de sintomas refratários. As diretrizes enfatizam a importância da avaliação multidisciplinar, envolvendo equipe de cardiologia clínica, imagem cardiovascular e cardiologia intervencionista, para uma tomada de decisão baseada em evidências e centrada no paciente.

